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O papel dos pais na construção de trajetórias vocacionais de seus filhos

Sônia Pinotti*

A família exerce grande influência na escolha ocupacional do jovem. Os pais, em geral, têm opiniões sobre o que seria mais ou menos desejável para o filho e uma certa visão sobre o que ele poderia fazer bem. Preocupam-se com um futuro bem-sucedido e com um trabalho adequadamente remunerado. Por isso, são unânimes em afirmar que é preciso ter um bom salário e participar ativamente no mercado de trabalho.

Assim, a maneira como os pais falam das profissões, a maneira como eles valorizam uma determinada atividade ocupacional, tudo isso pesa para o jovem na hora da escolha. O grupo familiar constitui o grupo de participação e de referência para o jovem. Conceitos e preconceitos são passados a ele mesmo que não queira.

A família influi em todos os sentidos, criando trajetórias, isto é, padrões de comportamento normativo, que podem interferir de modo positivo ou negativo no momento da tomada de decisão. É importante destacar que muitos pais consideram as profissões clássicas, como Direito, Medicina, Engenharia, e outras, como as mais promissoras. Demonstram mesmo que seja de uma forma indireta suas rejeições por carreiras que supostamente remuneram mal e não gozam de prestígio social.

Dessa forma, estão operando com representações tradicionais, utilizando critérios como: ganhar muito dinheiro e posição de prestígio. Não se dão conta de que, atualmente, o mundo ocupacional não pode ser rigidamente dividido entre profissões que dão dinheiro e as que não dão dinheiro. Ocupações consideradas boas ou mal remuneradas colocam-se igualmente distribuídas pelas diversas áreas de trabalho.

É correto que os pais devem explicitar suas expectativas, preferencialmente de forma não autoritária, para que os filhos tenham mais balizas no momento de tomarem sua decisão ocupacional. A função dos pais é expor suas visões para que a própria pessoa tenha mais condições de decidir-se de forma ponderada, coerente e refletida.

A inclusão dos pais em entrevistas com estudantes, ou em atividades que promovam o pensar sobre a realidade profissional, podem auxiliar o enfoque dos processos de escolha, e fornecer bases para a construção de trajetórias vocacionais de seus filhos.

Assim, torna-se necessário não se esquecer de que escolher uma profissão significa fazer um projeto futuro. A decisão faz parte do projeto de vida do indivíduo. É o momento de estabelecer uma relação com seu passado-presente-futuro. É o momento de construir seus próprios valores, que podem ou não ser coincidentes com o da família. É a hora de decidir o que se pretende ser, o que se pretende fazer e o que se pretende construir no mundo.

A família precisa saber que, na vivência das relações, inicialmente com os pais, e depois de forma mais geral na sociedade, aparecem outras expectativas, de grupos de amigos, escola, profissionais de sucesso, que são incorporadas pelos filhos, que se apropriam delas e mais tarde, na hora da escolha, serão retomadas e redefinidas por meio da reflexão, permitindo a construção de um projeto profissional.

*Sônia Pinotti, mestre em Psicologia Escolar, membro do Centro de Orientação Profissional da Uniara e professora dos cursos de Pedagogia, Biologia e Educação Física da instituição.

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