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Dia Mundial do Meio Ambiente

Publicado em: 03/06/2022

Neste domingo, dia 5 de junho, é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente. O professor do curso de Biologia da Universidade de Araraquara – Uniara, Adriano Marques Gonçalves, destaca a data e fala sobre os cuidados em relação à preservação do planeta.

“O Dia Mundial do Meio Ambiente foi criado em 1972, na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Estocolmo, na Suécia, em um contexto histórico em que as preocupações com os impactos das ações antrópicas vinham crescendo, junto com o movimento ambientalista originário da década de 1960. A celebração da data faz cinquenta anos e muitos avanços foram conquistados. Um dos pontos é o consenso científico de que o ser humano tem um grande papel em processos como o aquecimento global e a acidificação dos oceanos. O reconhecimento do nosso impacto é fundamental para que estratégias globais sejam estabelecidas, a fim de minimizarem ao máximo os prejuízos que causamos a nós mesmos e a outras espécies”, contextualiza Gonçalves.

Ele comenta que “nesse tempo, vimos o surgimento de vários movimentos ambientalistas, grupos que trabalham questões de justiça ambiental, novas maneiras de pensar a nossa relação com a natureza, em direção a práticas de vida mais sustentáveis e menos danosas ao meio ambiente”. “Sendo assim, temos muito a comemorar, principalmente por causa da visibilidade e do engajamento de um grande número de pessoas nas causas ambientais. Por outro lado, a questão ambiental não tem sido priorizada da maneira como deveria, já que nós, seres humanos, fazemos parte da natureza. Pensando no Brasil, há muito o que ser mudado, principalmente na maneira como enxergamos e tratamos a natureza e os povos tradicionais, com a degradação tanto do ambiente físico quanto da vida das pessoas que possuem estreita relação com a natureza”, aponta.

Em relação à matriz energética mundial, há uma forte tendência de mudança, segundo o docente, “diminuindo o uso de combustíveis fósseis e favorecendo fontes renováveis como as energias eólica e a solar”. “Quanto ao Brasil, segundo o Ministério de Minas e Energia, no ano de 2021, 48% da energia do país foi gerada a partir de fontes renováveis. Mais de 40% são provenientes de hidrelétricas, que costumamos tratar como energia limpa, mas não podemos nos esquecer que o impacto ambiental na área de formação dos reservatórios é bastante grande. Além disso, com a mudança nas dinâmicas ambientais, temos observado uma maior dificuldade na geração de energia por esse tipo de usina, especialmente em épocas de seca, o que leva à necessidade de utilização de termoelétricas para a produção de energia. Sendo assim, o cenário brasileiro, apesar de promissor, permanece aquém de suas reais possibilidades de uso de energias renováveis. Além de investimentos, deveriam existir mais benefícios para empresas e pessoas que desejam utilizar, por exemplo, a energia solar”, explica Gonçalves.

Ainda assim, o professor lembra que a mudança da matriz energética, apesar de ajudar, não vai solucionar os problemas ambientais. “A maneira como nosso sistema atua, baseando nossas relações econômicas e pessoais no consumo desenfreado, é a principal causa da degradação ambiental. Quando paramos para refletir, podemos perceber que esse é o momento para repensarmos o nosso pertencimento ao mundo natural. É importante que tenhamos práticas sustentáveis individualmente, mas precisamos lutar por uma sociedade mais justa e igualitária, que não seja pautada no consumo, mas no bem-estar social e ambiental”, salienta.

Já quando o assunto é a preservação do verde, “a conservação de áreas naturais tem sido um problema em nosso país”. “É evidente que essa questão não é atual, mas há alguns anos o Brasil tem ido na contramão dos anseios globais de preservação. Nos últimos anos, temos observado valores de queimadas e desmatamento, especialmente na floresta amazônica e no cerrado, como não víamos há muitos anos. Muito disso está envolvido com o sucateamento dos órgãos de fiscalização ambientais, negação dos dados fornecidos por nossos satélites e o aumento da ação de grileiros e garimpeiros em áreas protegidas, além da expansão da fronteira agrícola em algumas regiões. É importante compreender que, apesar das ações individuais serem importantes, são as políticas públicas que possuem o maior poder e responsabilidade para realizarem as ações necessárias para se conter os danos ao meio ambiente. Apesar de termos várias iniciativas positivas de organizações não governamentais, comunidades tradicionais e cooperativas de trabalhadores que dependem de maneira estreita da natureza, o poder público não vem cumprindo o seu papel”, diz o docente.

Ele ressalta que o desmatamento acumulativo é tão negativo que já estamos vivenciando suas consequências em todo o país. “Algumas projeções mostram como o desmatamento da Amazônia pode afetar negativamente o clima, não apenas na América do Sul, mas no mundo todo. O Dia do Meio Ambiente é importante para lembrarmos e lutarmos por essas questões, mas ações e cobrança por medidas efetivas devem ocorrer o tempo todo”, destaca.

De maneira geral, no entanto, um grande aspecto positivo em relação ao meio ambiente, na visão do professor, é o engajamento popular nas causas ambientais, “pressionando autoridades e empresas a mudarem suas condutas em direção a práticas mais sustentáveis”. “Por outro lado, como ponto negativo, vejo que muito se pensa em como podemos individualmente mudar o cenário da degradação ambiental, o que se confere como uma visão ingênua da realidade. Ações individuais são importantes, mas devemos pensar, enquanto sociedade, em novas maneiras de nos relacionarmos com nós mesmos e o meio ambiente. Enfatizo a questão social, pois, em nossa sociedade, são as pessoas mais pobres que pagam um custo ambiental desproporcional, basta pensarmos nas recentes enchentes em Petrópolis e em Pernambuco, além dos crimes ambientais de Mariana e Brumadinho”, coloca Gonçalves.

Para contornar os aspectos negativos em relação à preservação do meio ambiente, várias medidas podem ser tomadas, “mas todas elas exigem esforço e intencionalidade”. “A primeira delas está ligada à educação, que é uma importante ferramenta de transformação, quando trabalhada adequadamente. O problema é que, muitas vezes, as práticas educacionais são reprodutivistas, então precisamos nos engajar junto ao poder público para que elas sejam transformadoras. Nessa direção, o processo educativo poderia contribuir para a emancipação dos mais pobres, ajudando-os a compreenderem as desigualdades e opressões a que são submetidos, já que a igualdade social e a questão ambiental caminham juntas. Outro exemplo é cobrarmos do poder público e elegermos pessoas que estejam engajadas com as causas ambientais, o que facilitaria, inclusive, uma maior cobrança de práticas sustentáveis do setor privado e, potencialmente, maiores investimentos em práticas agrícolas mais sustentáveis”, ressalta o professor.

“O Dia Mundial do Meio Ambiente deve ser comemorado e servir de alerta para as questões socioambientais, mas o nosso engajamento nessas causas deve perdurar e caminhar em direção a práticas transformadoras, não apenas no aspecto tecnológico, mas também no social”, finaliza ele.
Informações sobre o curso de Biologia da Uniara podem ser obtidas no endereço www.uniara.com.br ou pelo telefone 0800 55 65 88.

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