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Pixel art: estilo retrô dos games está em evidência

Publicado em: 30/10/2020

Principalmente nos anos oitenta e início dos anos noventa, os games eletrônicos tinham gráficos simples e quadriculados, fabricados com a maior capacidade tecnológica da época. Trata-se do pixel art, “um estilo artístico feito digitalmente e que requer muita prática”, de acordo com o professor dos cursos de Design Digital e Jogos Digitais da Universidade de Araraquara – Uniara, Gleidson Gouvêa da Silva. A docente das duas graduações, Fernanda de Cássia Ribeiro, e o professor de Jogos Digitais, Henrique Buzeto Galati, também abordam as peculiaridades do pixel art.

“Conhece o ‘Mario’? Aquele personagem do game do ‘Nintendinho’ 8 bits? A imagem do personagem parado é representada por um desenho criado com uma malha de 16x12 pixels. Quando criado - lançado em setembro de 1985 -, ele foi representado assim pela limitação da tecnologia na época, que exigia enorme criatividade dos designers de games para representar os cenários e personagens”, contextualiza Fernanda.

Silva aponta que, “se fizermos uma comparação, seria como criar um desenho em quadrinhos em uma folha quadriculada de papel”. “Conhecido muito nos jogos de videogame 8 e 16 bits, seu auge deu-se nos consoles, mas o estilo adorado por muitos tem tido atuações no design, na TV e no cinema. Entender de luz, cor e sombras é algo extremamente importante para dar volume e ambientação ao seu projeto, e deve-se lembrar que a visualização do pixel art é sempre pequena, tornando mais agradável aos olhos, de forma que até esconde possíveis falhas”, conta o professor.

Fernanda menciona que o pixel é, em teoria, a menor fração de imagem que um computador ou aparelho pode exibir em uma tela. “O pixel art deriva principalmente do estudo das técnicas e artifícios desenvolvidos especialmente pela indústria dos videogames e criada, hoje, somente pela/para apreciação estética. Atualmente o pixel art está ligado ao modo de desenvolver um ‘desenho’ – que é o pixel por pixel -, sendo que a técnica artística clássica mais similar ao pixel art é a do mosaico, que era objeto de estudo dos primeiros criadores de games 8 e 16 bits”, detalha.

Silva comenta que, no design digital, o pixel art “se conecta em muitos cartazes conceituais”. “Além deles, muitas peças visuais de comunicação aderem ao estilo em determinadas temáticas, sendo que ele também se conecta ao mercado de animação, tendo função principal de criação de cenários e personagens”, completa.

Fernanda aponta que, “de modo geral, como toda técnica artística, é usado para passar uma ideia usando a estética”. “Na forma específica, é usado na criação de ícones para aplicativos, favicons - pequenas imagens que ficam guardadas no site para visualização pelo navegador, sendo geralmente utilizados como logotipos em tamanho reduzido nos sites de empresas, entidades e marcas quaisquer - e elementos de interface e visuais para jogos digitais, entre outras aplicações”, diz a professora, que chegou a fazer um experimento analógico desenvolvido no coletivo Unsquepensa Arte, do qual faz parte, em parceria com Mazzon Gil, inspirado na estética do pixel art, usando tinta e ferramentas desenvolvidas no ateliê.

O pixel art parece ser tendência atualmente, na visão de Silva. “O ‘retrô’ voltou com força, nessa pandemia principalmente, pelos jogos antigos tirados da gaveta, mas trazendo assim a vontade de aprender a criar e trabalhar essa técnica. Em relação aos jogos também, para novos desenvolvedores realizarem pixel art. Embora seja algo muito elaborado, pode acabar sendo mais fácil de desenvolver do que um processo em 3D. Muitos artistas gostam de pixel art até como terapia, por ser algo a ser realizado com precisão e paciência”, explica o docente.

Galati coloca que um dos grandes motivos da popularização do pixel art é que, além do viés nostálgico, o estilo é bastante acessível. “Embora entender sobre técnicas de desenho seja um diferencial, isso não exclui uma pessoa mais leiga em arte de criar pixel art, uma vez que podemos ver atividades para crianças que usam os mesmos conceitos”, observa.

Fernanda reforça que “é uma técnica que realmente está em evidência”. “A indústria de entretenimento em geral está passando por uma fase de ‘reciclagem’ de licenças e videogames dos anos oitenta e noventa, impulsionada pela observação da nostalgia de grande parte da população e o sucesso de games de desenvolvedoras independentes usando pixel art que, em alguns casos, o utilizaram por limitações de investimento e tempo, e não mais tecnológicas”, lembra a professora.

Muitos artistas, segundo ela, dividem o pixel art em isométrica – “que tenta representar um ambiente ou objeto 3D” - e não-isométrica, “mas é uma divisão ‘arbitrária’, mais ligada ao tema do que à técnica”. “Com um estudo da produção atual, podemos, sim, grosseiramente, dividir o pixel art em inspirados por arte pré-8 bits, 8 bits, 16 bits e em ícones, mas não há uma categorização ‘oficial’”, esclarece.

Galati afirma ser importante observar que, “por estar lidando com unidades visuais bem pequenas, cada pixel pode abstrair uma grande quantidade de informação do que se está querendo representar e, portanto, na hora de criar sua arte, é possível que, ao mover um único pixel, a sua imagem pode mudar completamente”.

Como dicas para quem tem interesse em fazer pixel art, Fernanda sugere estudar a arte arcaica do mosaico, buscar por “sprites” de games para estudo, observar os ícones dos sistemas operacionais e experimentar desenhar em um software específico ou um editor de ícones.

Silva e Galati recomendam os softwares Piskel (online e gratuito) e Aseprite (pago), mas, ainda assim, Galati lembra que “você pode começar criando pixel art usando softwares que já vêm no seu computador, como o Paint, ou até outros mais profissionais, como o GIMP – gratuito - ou o Photoshop – pago -, ambos usados para edição de fotos”.

“Ao pensar que o processo de pixel art é de esculpir, é preciso inserir quadro a quadro e podemos ir apagando – esculpindo -, o que gera um bom projeto. Seu formato geralmente é pequenino demais - 16x16 pixels, 32x32 pixels e 64x64 pixels. Quanto maior a imagem, mais pixels terá sua criação e maior será seu trabalho; quanto menor a arte, como 16x16 pixels, menos detalhes ela terá, mas pode ser um bom treinamento para iniciantes. Comece devagar e abuse da ferramenta ‘zoom’, afinal, enxergar pixel a pixel é importante. E vá com calma, pois criar pixel art é como fazer um quadro com poucos detalhes, porém, com todo o cuidado, já que poderá ser exibido para todo o mundo”, ressalta Silva.

Galati finaliza listando dois sites para se aprender mais sobre pixel art: “Tutoriart” - https://bit.ly/35Nc2F0 - e “Crie seus jogos” - https://bit.ly/34HYgEk.

Informações sobre os cursos de Design Digital e Jogos Digitais da Uniara podem ser obtidas no endereço www.uniara.com.br ou pelo telefone 0800 55 65 88.

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