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Professor de Psicologia da Uniara aborda aspectos do luto e dá orientações para sua superação nesse período

Publicado em: 15/05/2020

A perda de um ente querido é sempre dolorosa, e isso leva ao luto, sendo que a situação tem piorado com a pandemia de coronavírus - Covid-19, que tem ceifado inúmeras vidas ao redor do mundo. No Brasil, esse número aumenta exponencialmente, o que tem levado a enterros rápidos, com velórios reduzidos, sem que a família tenha tempo de realmente se despedir de seu ente. O professor do curso de Psicologia da Universidade de Araraquara – Uniara, Alexandre Fachini, aborda aspectos do luto e dá orientações para sua superação nesse período.

“Primeiro penso ser importante caracterizar o que é luto: é uma resposta a uma perda significativa. Essa perda pode ser de uma pessoa, um objeto pessoal, um trabalho ou uma fase da vida - juventude, por exemplo -, ou seja, de qualquer coisa que apresente alguma importância emocional. Nessa perda, observam-se sinais de sofrimento, sintomas de tristeza e saudades em relação ao que foi perdido, ansiedade, estresse e até mesmo culpa e raiva. Todos, em algum momento, viveremos o luto. É inevitável”, explica Fachini.

Existem o luto considerado normal e o patológico. “A distinção se deve, principalmente, à duração e ao tempo de existência dos sintomas do luto. O normal é considerado dentro do intervalo de um ano. Isso não é uma regra, pois esse tempo pode variar de uma pessoa para outra. É importante frisar que um processo de luto bem sucedido ocorre quando a pessoa consegue superar a perda significativa, ou seja, quando a perda não é mais algo central, de destaque na sua vida. No caso do luto patológico - também chamado de luto complicado -, a pessoa não consegue superar essa perda e continua ligada àquilo que não tem mais. Seus pensamentos e atitudes estão sempre vinculados ao objeto perdido - por objeto, entenda-se tudo aquilo que a pessoa nutria por um elo emocionalmente significativo. Ela não consegue simbolizar a sua perda”, esclarece o docente.

Ele detalha que as fases do luto são negação – “negar a perda; funciona como uma defesa a encarar a perda; pode se expressar por uma recusa em acreditar e sentir a perda ocorrida ou não querer falar sobre o assunto, por exemplo” -, raiva – “expressa uma reação de revolta pela perda, um inconformismo” -, barganha – “uma negociação pessoal em decorrência da perda; diz a si mesmo que será melhor da perda em diante, faz votos pessoais de regeneração, de que a perda o transformará” -, depressão – “momento melancólico em que a pessoa se isola; é quando a ‘ficha cai’, de que a perda aconteceu, e resulta em tristeza” - e aceitação – “momento de enfrentamento e assimilação da perda”.

Cada pessoa leva seu tempo para atravessar cada fase, “e elas podem ocorrer de forma simultânea ou até mesmo em ordem diferente da apresentada, com idas e vindas”. “Por outro lado, penso que, mais relevante do que considerar essas fases, é considerar que o processo do luto implica em uma nova forma de a pessoa se relacionar com sua nova realidade, em que a perda será uma presença constante e inevitável”, diz Fachini, que coloca que “luto normal ou patológico é tudo luto”. “Quando é normal, não há desdobramentos prejudiciais, mas quando é patológico, é porque deixou de ser normal, portanto, o normal pode se transformar em patológico. Quando patológico, pode implicar no agravamento de sintomas e evoluir para um quadro depressivo e até mesmo para o suicídio, em casos extremos”, alerta.

Conforme afirmou, o luto normal dura cerca de um ano e o patológico, mais do que esse tempo, “mas no caso de criança, para fins de diagnóstico, considera-se pelo menos seis meses”. “Estou tomando por referência critérios temporais sobre a presença de sintomas, segundo o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DSM-5, para Transtorno do Luto Complexo Persistente. Mas gostaria de frisar que penso que é só uma referência que muitas vezes pode mais atrapalhar do que ajudar a população geral. Acredito mais na avaliação individualizada, no olhar mais subjetivo para a questão do que em número padronizado que tem a pretensão de generalizar algo muito particular, que é a forma de cada um em lidar com a perda, com o luto”, diz o professor.

Para a superação desse momento de dor, ele recomenda acolher o luto da pessoa. “Isso significa escutá-la, legitimar os sentimentos dessa pessoa enlutada para que possa encontrar um caminho de expressão e de reconhecimento. Muitas vezes, esse caminho pode ocorrer por meio da preferência cultural, artística e de lazer de cada um. Outras vezes, isso pode se dar por meio do apego à prática religiosa. É altamente desaconselhável criticar, recriminar, julgar a atitude da pessoa enlutada; eu diria que é até cruel. Penso que isso, quando acontece, é o maior desafio para o enlutado, mais até do que as suas próprias questões internas em lidar com a perda. No caso do luto patológico, além do que já mencionei, penso que é importante valorizar também a necessidade de acompanhamento psicológico”, aponta.

Em relação à pandemia, “está impondo uma diversidade de perdas e, consequentemente, de situações de luto para lidar”. “Todos nós estamos perdendo algo neste período. Estamos nos esforçando para comprarmos uma ideia de normalidade, talvez como meio de mitigar as múltiplas perdas - rotina, ir e vir, passeios, liberdades etc. Penso que, em meio a tudo isso, o simples e trivial talvez seja um luxo, e que antes parecia menosprezado ou mesmo desprovido do valor que se tem ou que se dá hoje. Quero dizer com isso, que o valor atribuído às coisas pode estar mudando: o convívio com a família e filhos, o tempo, o olhar sobre as escolas e professores, sobre o trabalho e os colegas etc. A Uniara, por meio do curso de Psicologia, em parceira com o departamento de Marketing da instituição, desenvolveu um manual sobre o tema que vale a pena ler - https://bit.ly/39UEnct”, indica Fachini.

“Tem uma palavra que me soa importante nesse conjunto de orientações: adaptação. Acredito que buscar adaptação à realidade que estamos vivenciando exige de cada um de nós usar da criatividade e do pensar. Adaptação é uma palavra intimamente ligada à ideia de sobrevivência e, neste momento, precisamos disso”, finaliza o docente.

Informações sobre a graduação de Psicologia da Uniara podem ser obtidas no endereço www.uniara.com.br ou pelo telefone 0800 55 65 88.

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