Publicado em: 17/04/2020
A doença causada pelo novo coronavírus, a COVID-19 (do inglês coronavirus disease), que teve início na China, mostrou não se tratar de algo isolado, ao contrário: esse vírus se espalha rapidamente e chegou com grande facilidade a todos os continentes, exceto a Antártida. A experiência dos primeiros países que tiveram contato com o novo coronavírus mostra que a maneira mais eficiente de conter sua disseminação é através do isolamento social.
Embora o surto seja mais duradouro com a adoção dessa medida de contenção, essa estratégia evita que muitas pessoas se infectem ao mesmo tempo. Somente dessa forma, ao se “achatar a curva de contágio”, é possível garantir que haja leitos de internação e de unidade de terapia intensiva (UTI) suficientes para atender os pacientes graves. Embora a maior parte das crianças e dos jovens saudáveis infectados seja assintomática ou apresente apenas sintomas leves, deve ser levado em consideração que eles podem transmitir o vírus a outras pessoas que podem se tornar pacientes graves. É por essa razão que o isolamento social deve ser ampliado para toda a população. Assim, a consequência imediata do confinamento é a paralisação de muitos segmentos, especialmente aqueles ligados aos setores secundário e terciário.
A crise causada pela disseminação do novo coronavírus também começou na China, um importante player na economia mundial e principal parceiro comercial do Brasil. Aqui, setores como a indústria automobilística foram rapidamente afetados pela falta de insumos importados do país asiático. O impacto da pandemia da COVID-19 no Brasil e no mundo é inevitável e a queda do produto interno bruto (PIB) mundial neste ano será dramática. Nessa linha, o Banco Central do Brasil reduziram a projeção do PIB nacional de 2,2% para 0,48% em 2020.
Infelizmente, a infecção pelo novo coronavírus é apenas mais uma das doenças que acometem a humanidade. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que diabetes, câncer e doenças cardiovasculares são responsáveis por mais de 70% de todas as mortes no mundo. Em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, a falta de saneamento básico e a carência de água potável favorecem a contaminação por microrganismos que causam doenças, como hepatite e verminoses, que são problemas de saúde pública mundial. Para se ter uma ideia, o gasto total com saúde no Brasil é de cerca de 8% do PIB – um montante absolutamente considerável.
Com a instalação da pandemia da COVID-19, governos de todo o mundo têm tomado medidas de enfrentamento da crise. No Brasil, em 22 de março de 2020, o Supremo Tribunal Federal liberou cerca de 1,6 bilhão de reais para o combate ao coronavírus. É inevitável o impacto socioeconômico dessas medidas: rombo nas contas públicas, endividamento e reformas.
As consequências sociais e econômicas da disseminação desse vírus e, portanto, do isolamento social, não podem ser ignoradas: queda na renda dos trabalhadores (especialmente dos autônomos e informais), problemas de natureza psicológica desenvolvidos pelos confinados, risco de aprendizagem para crianças em idade escolar, aumento na taxa de mortalidade das micro e pequenas empresas. No campo econômico, o efeito colateral imediatamente sentido pela falência de empresas é o desemprego e, portanto, o aumento da vulnerabilidade social no país.
Em tempos de pandemia, em primeira instância é absolutamente necessário viabilizar recursos para a saúde sem levar em consideração o teto de gastos. Em paralelo, medidas governamentais eficientes e ambiciosas que protejam a população, especialmente os mais desassistidos, e medidas de incentivo a pessoas jurídicas – especialmente as micro e pequenas empresas, que respondem por cerca de 52% dos empregos com carteira assinada no setor privado no Brasil – precisam ser tomadas. Essas ações incluem medidas de sustentação de renda da população, sustentação de crédito para pequenos negócios que têm sua atividade reduzida nesse período e medidas ligadas à área tributária.
A COVID-19 veio para mostrar que nações e países tidos como desenvolvidos podem ser tão vulneráveis quanto os mais pobres, e em pouquíssimo tempo podem ser atingidos por uma grave crise. Especialistas concordam que a maneira mais eficiente de lidar com esse problema é através da ampla coordenação de governos e bancos, de forma que a assistência à população não seja limitada exclusivamente de impedir a propagação do vírus.
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Artigo escrito pela doutoranda Amanda Maria Claro para trabalho na Disciplina “Seminários de Integração”, ministrada pelo Prof. Dr. Antonio Carlos Massabni no Programa de Pós-Graduação Biotecnologia em Medicina Regenerativa e Química Medicinal – PPGB-MRQM da Universidade de Araraquara – Uniara
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