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Preservando a saúde mental neste momento de isolamento social

Publicado em: 27/03/2020

A ansiedade,já bastante presente na sociedade, tende a se tornar exacerbada nesse período de crise, de doença e de necessidade de distanciamento social, causados pela pandemia do Covid-19, de acordo com a professora do curso de Psicologia da Universidade de Araraquara – Uniara, Daniela Mucinhato Ambrósio, que aborda, juntamente com a coordenadora da graduação,Simoni de Cássia Haddad Penteado, como tentar manter a saúde mental em meio à quarentena.

“Além da ansiedade, há o medo relacionado à doença e às incertezas sobre a duração do isolamento e o futuro, acompanhados muitas vezes por preocupações como desemprego, diminuição da renda familiar, possibilidade de familiares adoecerem - em especial idosos, crianças e pessoas do grupo de risco - e de angústia ligada à morte, pela consciência e sua concretude na situação na qual a pandemia nos coloca. Há estresse e irritação relacionados à sobrecarga de informações veiculadas sobre a pandemia, e também ao volume de tarefas que as pessoas se veem obrigadas a darem conta, pela via online, conciliadas com as tarefas de casa”, explica a docente.

Ela comenta que ainda não foi possível, até o momento, fazer uma distinção em relação a faixas etárias, sobre ansiedades e medos relacionados à pandemia. “Claro que a criança,por exemplo, vai perceber o processo de forma diferente do adulto, e inclusive será influenciada pela forma como ele vai perceber o isolamento e pelo modo como isso é passado para ela. Mas sendo uma situação nova e desconhecida para todos, é difícil fazermos já distinções etárias, até porque isso é subjetivo. Acredito que a forma como cada um de nós vai vivenciar esse momento depende, entre outros fatores, de características individuais e de estado psíquico anterior a esse momento. Então, por exemplo, uma pessoa - idosa ou não - que já possui uma ansiedade de base, tende a sentir-se mais agitada e ansiosa nesse contexto, mas não há uma regra”, esclarece.

Os idosos foram identificados como grupo de maior risco de contágio e morte, “mas em relação à forma como cada um vai enfrentar o momento, penso que depende mais de quem é a pessoa e de como ela vai olhar para toda a situação e, inclusive, para o isolamento, do que da idade. Por isso é importante escutarmos as diferentes pessoas e experiências se quisermosajudá-las e oferecer-lhes cuidado de alguma forma”, diz Daniela.

Simoni reitera as afirmações da professora e ressalta a importância “de considerar as reações da pessoa idosa e de compreender que ela não pode ser concebida de forma genérica”. “As pessoas têm uma história de vida que lhes confere singularidade, tanto do ponto de vista físico quanto do psicossocial.Assim, há idosos com grande capacidade de enfrentamento de situações desafiadoras e outros com dificuldades de enfrentamento. De modo geral, esse público tende a conviver com várias perdas, como de independência, no caso daqueles com problemas de natureza física, perda de entes queridos de sua faixa etária, perdas financeiras decorrentes da aposentadoria etc.”, aponta.

No atual contexto, aperda da liberdade de ir e vir“poderá exacerbar a ansiedade daqueles que lidam de forma complicada com essas perdas”. “Por outro lado, poderá, por experiência e capacidade de enfrentamento supracitada,por parte de muitos idosos, trazer ensinamentos e conforto, inclusive, aos mais jovens”, destaca Simoni.

Também é importante lembrar, segundo ela, que há uma grande diversidade no que diz respeito aos aspectos sociais das pessoas. “Aqueles que contam com maior suporte no que concerne a saneamento básico, atendimentos de saúde e redes de apoio psicossocial, provavelmente terão condições de enfrentar com mais tranquilidade essa situação. Pessoas que já vivem em situação de vulnerabilidade e pobreza, com falta de saneamento, precariedade de atendimento à saúde e falta de redes de apoio, poderão ser mais afetadas e sujeitas a maiores prejuízos diante da situação de pandemia”, avalia.

Daniela acredita que, para tentar manter um equilíbrio comportamental durante a quarentena, é importante lembrar que a saúde mental “faz parte da nossa saúde como um todo e que precisamos estar sempre atentos à necessidade de atenção e autocuidado com a nossa saúde, independentemente do contexto”. “O cuidado tem que ser permanente, mas especialmente diante da situação da pandemia e da quarentena, que tende a agravar instabilidades e mal-estar psicológico, temos sugerido – em consonância com a Organização Mundial da Saúde - OMS - algumas estratégias para melhora e preservação da condição psicológica”, ressalta.

A professora lista as estratégias:

- Ter empatia com pessoas que estão com dificuldades e adoecendo diante da pandemia (no Brasil e fora dele), entendendo que essa é uma situação que nos afeta de forma coletiva, evitando o individualismo.

- Evitar excesso de informação: com o recurso digital, grande volume de informação se propaga em alta velocidade. Algumas bastante úteis, informativas e outras desnecessárias e até mesmo falsas. Importante sempre avaliarmos a utilidade do acesso a esse volume de informação para cada um de nós. E questionar-se: é um conteúdo relevante para mim? Como me sinto ao ler e ter acesso a essas informações? Tranquilizam-me? Deixam-me mais ansioso/ preocupado? E ao repassar essas informações (o que também é importante refletirmos): chequei se a fonte é confiável? Percebo de fato que a informação tem uma utilidade para aqueles que vão recebê-la? Esse é um momento de percebermos nossa responsabilidade social inclusive com a saúde mental dos demais. De forma geral, afetamos e somos afetados por todos e então podemos contribuir para potencializar ou para amenizar o “caos”. O que você quer fazer?

- Identificar sentimentos e sintomas que tem experimentado, por exemplo, solidão, ansiedade, tristeza, preocupação exacerbada, irritação, dificuldade para dormir ou sono em excesso, alteração de apetite e outros comportamentos, e pensar estratégias que podem auxiliar noseu controle. Por exemplo, evitar ler e ter acesso a informações sobre a pandemia pouco antes do horário de dormir.

- Não recorrer a recursos que possam lhe prejudicar de outras formas: uso de álcool, drogas ou medicamentos sem indicação médica.

- Evitar sentir-se vítima da situação atual: estarem isolamento nesse momento é uma forma de contribuirmos para o bem comum, e não punição ou restrição de liberdade.

- Tentar controlar o pensamento sobre o futuro, sobre quanto tempo tudo isso vai durar, vivendo à espera do fim do problema. Como tudo em nossa vida, essa também é uma fase que tem começo, meio e fim. Não sabemos quanto tempo vai durar, mas sabemos que em algum momento vai terminar. Essa é nossa situação atual, é a vida de hoje e por isso é importante nos concentrarmos. Meditação e técnicas de Mindfulness podem auxiliar. Há bastante informações a respeito na internet, mas busque fonte confiáveis.

- Restabelecer ou manter uma rotina, considerando o cenário de vida atual: qual era minha rotina anterior? Como posso adaptá-la ao momento presente? É importante nos mantermos ativos nesse período. Fazer exercícios físicos se acostumado a esses antes, manter horários de alimentação etc. A vida segue, apesar desse momento de isolamento e de mudanças da rotina.

- Organizaro tempo para conseguir fazer coisas que talvez desejasse, mas não conseguisse fazer antes, dentro de casa. Mas ter também um momento de pausa, de “não fazer nada”, não pensar em nada, respirar, estar consigo mesmo. Desconectar-se das redes sociais, das informações, do mundo, e conectar-se a você: ouvir música, assistir a um filme, ler um livro etc. – coisas que façam sentido para cada um.

- Observar a vida ao redor, mesmo que pela janela.

- Usar a criatividade para enfrentar esse momento.

- Conversar com as crianças de forma honesta e apropriada para a idade delas sobre o Covid-19, pois percebem que as coisas não estão como eram antes.

- Se precisar, buscar ajuda profissional. Autorizados pelo Conselho Federal de Psicologia, muitos profissionais continuam prestando suporte psicológico online. É um recurso disponível também.

“As ferramentas virtuais são um excelente apoio nesse momento para nos mantermos conectados a pessoas com as quais não podemos ter contato físico. Mas podem ser utilizadas de diferentes modos. Não se restrinja apenas a imagens ou textos e áudios gravados ou informações repassadas. Faça chamadas de vídeo, em família, por exemplo. Brinque com as crianças que estão distantes utilizando vídeo. Ligue para escutar a voz e dialogar com o outro em tempo ‘real’, mas também perceba, escute e converse com as pessoas com as quais você reside - com o vizinho, através de uma janela, da sacada, do quintal, do interfone etc.”, reforça Daniela.

E, se ainda assim, um indivíduo sinta necessidade de buscar um suporte psicológico para enfrentar esse momento, “certifique-se de buscar por profissionais inscritos no Conselho Federal de Psicologia, por meio do site http://cadastro.cfp.org.br, os quais podem prestar atendimento psicológico online, seguindo a Resolução CFP nº 11/2018”.

Informações sobre o curso de Psicologia da Uniara podem ser obtidas no endereço www.uniara.com.br.



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