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Docente da Uniara fala das vantagens da agricultura orgânica em relação à convencional

Publicado em: 30/07/2019

O modelo dominante de produção agropecuária mundial, em termos de área e de produção, é, de acordo com o docente do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente – PPG-DTMA da Universidade de Araraquara – Uniara, José Maria Gusman Ferraz, “o da revolução verde, atrelada à produtividade a todo custo, com o uso intensivo de agrotóxicos e insumos químicos transgênicos, o que afeta a saúde das pessoas e degrada o meio ambiente”. No entanto, o professor menciona que a agricultura orgânica, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura - FAO, é o modelo que garantirá a alimentação humana no planeta.

“Ele tem o potencial de alimentar a população mundial, pois tem produtividade comparável à agricultura convencional, principalmente quando estamos diante de mudanças climáticas, nas quais as grandes plantações de uma única cultura serão mais afetadas. Quando se tem um policultivo - vários tipos de plantas em um mesmo espaço - que respeita as condições ambientais locais e de plantas adaptadas à região, a chance de menor ataque de pragas e doenças é muito aumentada, tornando o sistema mais sustentável”, diz o professor.

Ele aponta que, na agricultura convencional, “os transgênicos são praticamente clones, de maneira que, se uma doença ou praga atingir uma planta, todas serão também atacadas”. “Existe no Brasil, inclusive, de produção em grande escala de produtos orgânicos, como uma usina de açúcar em Sertãozinho, com treze mil hectares de cana orgânica, sem um uma gota de veneno e sem uso de adubos químicos; no sul do país, existe produção de dezesseis mil toneladas de arroz orgânico, e em ambos os casos, há alta produtividade, o que mostra que é possível produzir de outra forma e em grande escala”, destaca.

Desse modo, a solução para a distribuição equilibrada desse tipo de alimento seria, em sua visão, uma política pública voltada ao sistema de produção orgânico, “como existiu para a implantação de sistema de produção com uso de agrotóxicos”. “Outro ponto crítico é a formação de profissionais que saibam, de fato, produzir dessa forma, e uma outra necessidade é assistência técnica adequada à implementação desse modelo de agricultura”, comenta.

Ferraz cita que o maior produtor de orgânicos no mundo, segundo a Federação Internacional dos Movimentos da Agricultura Orgânica - IFOAM, em área plantada, é a Austrália. “O Brasil está em 12º lugar e, na América Latina, não somos os maiores produtores, mas somos o maior mercado de orgânico. Os maiores mercados mundiais são por ordem de grandeza: Estados Unidos, Alemanha, França e China, que movimentam 97 bilhões de dólares. A área tem crescido bastante, tanto que as grandes empresas que comercializam agrotóxicos estão pesquisando e entrando no mercado de orgânicos. É o modelo de agricultura que mais cresce no mundo, sendo que, de 2016 para 2017, houve um crescimento de mais de 20%. Ela é praticada por mais de três milhões de agricultores no mundo, em mais de 181 países”, ressalta.

Apenas estar livre de agrotóxicos já seria, na opinião do docente, um grande motivo para mudar o sistema de produção, “pois evitaria muitas contaminações, mortes e doenças, mas, além disso, é também tão ou mais produtiva do que a agricultura convencional. “Obrigatoriamente, para se receber a certificação, é necessário cuidar das áreas de proteção e preservação ambiental, e garantir a procedência de água de boa qualidade. À medida em que aumenta a matéria orgânica do solo, ela mantém melhor a umidade e demanda menos água. É mais sustentável, pois depende menos de insumos externos ao sistema, ou seja, recicla os nutrientes e trabalha com várias espécies ao mesmo tempo, aumentando a biodiversidade”, explica.

O sistema também é o mais adequado para a agricultura familiar, “pois mantém o homem no campo e gera mais postos de trabalho”. “Portanto, gera menos impactos, e outro mito, o de que é mais caro, é porque nos supermercados esses produtos têm um preço em média quatro vezes maior do que os praticados nas feiras de orgânicos”, esclarece Ferraz.

 

PPG-DTMA da Uniara

“A Universidade de Araraquara, sempre na ponta do conhecimento, tem atuado nessa mudança, por meio de seu PPG-DTMA, que tem trabalhado na formação de agricultores com essa visão e na certificação desses trabalhadores como produtores de alimentos orgânicos, além de gerar o desenvolvimento de dissertações e teses nessa área do conhecimento, tanto na produção vegetal quanto na animal”, destaca o professor.

Ele aproveita para lembrar que o Programa, em parceria com produtores rurais, a Prefeitura Municipal, por meio da Coordenadoria de Agricultura, e o Departamento Autônomo de Água e Esgoto – DAAE, mantém a feira de alimentos orgânicos e artesanais “Da Roça para a Mesa”, “de produtores familiares, com venda direta de produtos orgânicos e com preços iguais e até menores do que os dos produtos da agricultura convencional, o que mostra que não é um produto para poucos, mas democraticamente saudável”.

O PPG tem oferecido também, de acordo com Ferraz, estágio para alunos dos cursos de Biologia e Engenharia Agronômica em projetos de agricultura orgânica. “E uma grande perspectiva é a possibilidade de oferecermos uma disciplina sobre agroecologia no curso de Engenharia Agronômica, que vem sendo construída aos poucos”, finaliza.

Informações sobre o Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente da Uniara podem ser obtidas no endereço www.uniara.com.br, pelo telefone (16) 3301-7126 ou pelo WhatsApp (16) 99708-8423.

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