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Crescimento econômico do Brasil deve ser lento, segundo economista da Uniara

Publicado em: 15/01/2018

As perspectivas em relação à retomada da economia brasileira, de fato, não são positivas, na opinião do economista e chefe do Departamento de Ciências da Administração e Tecnologia – CAT da Universidade de Araraquara - Uniara, Eduardo Rois Morales Alves, mesmo que o Produto Interno Bruto – PIB esteja indicando que a economia parou de cair.

“O PIB ficou levemente acima de zero, mas deve-se levar em conta que ele já vem de uma base de comparação ruim: 2017 indica um pequeno crescimento do PIB, mas é em relação a 2016, que foi recessivo, assim como em 2015. Ou seja, a base de comparação do nosso PIB positivo de 2017 mostra que a economia parou de cair, mas ainda é uma retomada muito lenta, pequena, incipiente”, aponta o docente.

O que “segurou” a inflação para baixo – menos de 3% em 2017, de acordo com pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE -, segundo ele, foi o setor de alimentação. “Na verdade, a inflação é um índice de preço composto por vários grupos de consumo. Os preços dos combustíveis e do gás de cozinha subiram, mas outros abaixaram, como o da alimentação, por exemplo, em comparação a 2016 ou a 2015, o que permite às pessoas, sobretudo em relação aos alimentos, terem uma certa retomada do poder de compra”, diz.

Ainda assim, Rois comenta que o estado brasileiro é altamente deficitário. “Uma das questões é a previdência, que compromete muito, do ponto de vista do orçamento. Então acredito que essa seja uma questão macroeconômica determinante para termos ou não uma retomada mais consistente. O governo Temer tem fragilidade política que dificulta reforma, e as reformas também são bastante impopulares, e não atacam o cerne da questão, que são os altos benefícios do funcionalismo público federal, por exemplo. Há o flagrante da questão do teto salarial, que o próprio Poder Judiciário desrespeita descaradamente”, destaca.

Em sua visão, não se consegue fazer uma reforma no estado, no sentido de diminuir o déficit. “Foi isso que levou a Standard Plus a reclassificar, para baixo, a nota de crédito do Brasil, na última semana, o que não repercute muito na vida do cidadão, mas do ponto de vista das finanças e do crédito do governo e das empresas brasileiras, é ruim. Indica para o mundo que está mais arriscado investir no país, devido à fragilidade e ao endividamento fiscal, uma geração de déficit público brutal, que o atual governo não está conseguindo controlar”, alerta.

Esse cenário, segundo o coordenador, “é um problema que se estabeleceu com gravidade no governo Dilma, e que o governo Temer não consegue ‘dar uma resposta’, mesmo com algumas reformas liberalizantes aprovadas”. “Isso, em um ano eleitoral como este, quando deveremos ter um candidato popular impugnado pela justiça e fazendo muito barulho, além de haver uma potencialização de uma crise política, é muito ruim, já que um ajuste fiscal passa necessariamente por uma estabilidade política. É necessário ter um governo relativamente forte e estável, que consiga aprovar medidas, o que acho muito improvável acontecer em 2018”, reflete.

As chances de emprego, no atual contexto, também são difíceis, na opinião do professor. “Tem gente que diz que a crise tem que ser vista pelo empreendedor como uma oportunidade. Eu digo o seguinte: a crise, em regra, é uma ameaça para o investimento. Temos sofrido uma desindustrialização muito forte. Isso extermina empregos de um nível de salário melhor. A crise que estamos sofrendo está acelerando algo que a concorrência chinesa já havia fazendo normalmente, dificultando a indústria. E, uma vez ela fechada, a possibilidade de ser reaberta é muito remota. Vejo isso com muita gravidade, já que os empregos na indústria estão sendo perdidos rapidamente, e a perspectiva de reconquistá-los, em um futuro de mais prosperidade, não é uma segurança”, afirma.

Existem alguns setores específicos que estão passando sem grandes dificuldades pela crise, segundo Rois, “como um que é inclusive importante para nossa região, o agroindustrial”, mas não deixa de ser motivo para preocupação. “Ele tem conseguido se manter exportando muito e mantido seus níveis de produção. O agronegócio gera riqueza, cria emprego e é fundamental, contudo, os cargos são de baixa remuneração. A grande massa de ofertas remunera muito mal”, lamenta.

Apesar de todas as perspectivas desfavoráveis, o coordenador torce para que o próximo governo eleito se renove em relação aos quadros políticos, “para dar um rumo, aumentar a confiança e dar previsibilidade”. “São desafios muito grandes que merecem um governo competente e um estabelecimento de políticas públicas para a retomada da economia. É preciso inclusive tomar medidas duras, como atacar privilégios, e outras questões que precisam refundar o Brasil. Infelizmente minha percepção, por conta de tudo isso, não é das melhores. 2018, com eleições gerais, vejo com muita dificuldade”, finaliza.



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