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Professora de Jornalismo da Uniara estuda o consumo infantil como decorrência da publicidade televisiva

Publicado em: 17/01/2017

A professora do curso de Jornalismo da Universidade de Araraquara – Uniara e mestre em Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente – DTMA pela instituição, Solange Luiz, é autora do trabalho “Publicidade que consome a infância: o desperdício de valores duradouros por prazeres instantâneos”. O estudo, orientado pelo professor Zildo Gallo e coorientado pela professora Flávia Sossae, foi um dos premiados pela relevância social do tema, no “XI Congresso de Iniciação Científica – CIC” da Uniara, no final de 2016.

Ela conta que o projeto, desenvolvido como dissertação de mestrado, teve como objetivo principal investigar o consumo infantil como decorrência da publicidade televisiva, e as implicações sociais e culturais que ela acarreta no desenvolvimento do consumidor infantil compulsivo. “Sabedora de que atualmente os pais, em sua correria diária, acabam deixando seus filhos sozinhos em casa e, muitas vezes, à disposição da televisão, a publicidade televisiva traz suas formas artísticas com som, imagens e conteúdos direcionados à conquista do público infantil, que passaram a construir o objeto como valor de desejo; tanto brinquedos com a marca dos personagens de desenhos animados quanto os próprios personagens materializados em bonecos fazem a cabeça da criançada. As empresas, dessa forma, passaram a explorar e a investir nos pequenos, descumprindo regras e normas contra o abuso de publicidade televisiva direcionada ao consumo”, explica.

Os resultados de sua pesquisa demonstraram, segundo a docente, que a mídia televisiva e a publicidade, “além de ditarem as regras de quais itens devem ser consumidos, têm contribuído para criar a infância do consumo, reconfigurando comportamentos, modo de vida e de subjetividade na sociedade contemporânea”. “Torna-se visível a necessidade do ‘ter’; as crianças disputam quem tem mais brinquedos de última geração, afinal, para elas, quem está sempre atualizado é quem está feliz, isto é, o status é atribuído àqueles que possuem determinados produtos”, alerta.

Solange aponta que, “por se tratar de um tema pertinente à atualidade e com o benefício às discussões científicas acerca de como contribuir para o futuro das crianças, tornando-as cidadãs conscientes frente ao consumo exagerado e seus impactos no meio ambiente, a dissertação também fomentou discussões para a reflexão nas questões que contribuem para o crescimento, desenvolvimento e aprendizado desse público, para que, assim, ele possa incorporar estilos e modos de vida saudáveis, evitando que se torne um futuro consumista desorientado e desordenado”.

Hoje em dia, as crianças são, de acordo com a professora, consumidoras que desrespeitam o meio ambiente em todas as esferas. “Precisamos protegê-las legalmente do bombardeio publicitário que as convida a tornarem-se adultas antes do tempo; é preciso ainda prepará-las para serem cidadãs conscientes e responsáveis, que saibam refletir e questionar a imensa quantidade de informações e imposições que tanto a mídia televisiva quanto a publicidade de forma geral impõem-lhe constantemente”, observa.

Alterar essa realidade é um trabalho árduo, na opinião de Solange. “Porém, se realmente queremos uma sociedade mais justa e igualitária, será necessário rever certos paradigmas impostos. São imprescindíveis políticas públicas que promovam mudanças de postura dos meios midiáticos, da indústria e da sociedade capitalista, para que, assim, haja uma transformação no comportamento dessas crianças”, diz.

A docente, que tem a intenção de dar continuidade ao tema de seu estudo, comenta que aprendeu muito no Programa de Pós-Graduação em DTMA, e agradece a Uniara, onde também graduou-se e fez especialização, pela premiação no CIC. Ela também faz questão de compartilhar a conquista com a coordenadora do curso, a professora Vera Lúcia Silveira Botta Ferrante, com seu orientador e com sua coorientadora. “Sempre tenho em mente que ‘a oportunidade para fazermos as coisas bem feitas, sempre resulta em felicidade e conquista’. E foi isso que o prêmio me proporcionou. Sinto-me honrada pelo trabalho concluído”, finaliza.

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