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Causas e consequências das lesões por esforço repetitivo

Publicado em: 25/02/2016

As atividades exercidas por trabalhadores que exigem esforço físico por vezes podem acarretar problemas motores no indivíduo. O excesso de cargas e a pressão do cotidiano pode levar a problemas de saúde como Lesões por Esforço Repetitivo – LER, ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho – DORT, como são nomeados atualmente. A professora do curso de Fisioterapia do Centro Universitário de Araraquara – Uniara, Andréa Corrêa Carrascosa, fala sobre suas consequências e faz recomendações de como evitá-los.

Ela explica que LER é um termo genérico utilizado para se referir a uma diversidade de distúrbios ou lesões ocasionadas por fatores de risco no trabalho. “Atualmente, a nomenclatura mais adequada é a DORT. O LER dá a entender que a repetitividade é o único fator que leva a essas alterações, quando na verdade é apenas um deles. O uso de forças, a postura inadequada, a vibração e até condições ambientais como o calor ou o frio excessivos podem determinar essas alterações. Mas ambas as nomenclaturas se referem ao mesmo conjunto de condições”, esclarece.

Os sintomas, de acordo com a docente, são variados, pois não há somente um tipo de problema. “Há condições que acometem músculos, nervos ou vasos, por exemplo. Então, várias estruturas podem ser prejudicadas por essas sobrecargas do trabalho. É muito importante que sejam diagnosticadas as patologias. Um exemplo é a ‘síndrome do túnel do carpo’, uma compressão do nervo na região do punho, ou lombociatalgias, que são aquelas dores que se erradiam para a região posterior da perna, por sobrecarga na coluna ou hérnia. Outros diagnósticos podem ser chamados de LER/DORT, se houver a relação de fator de risco no trabalho e a doença”, aponta.

Andréa coloca que os exemplos mais comuns de LER/DORT são aqueles que envolvem a coluna vertebral e o sistema músculo-esquelético como um todo, mas o mais conhecido se dá no ato de digitar. “A alta repetitividade na digitação seria um fator que sobrecarrega principalmente membros superiores – braço, mão e punho -, levando a uma sobrecarga dessas estruturas, o que determina uma variedade de patologias”, ressalta.

Essas lesões e doenças que podem acometer o trabalhador têm uma característica de ocorrer cumulativamente ao longo do tempo, segundo ela. “Em um primeiro momento, as sobrecargas podem não produzir nenhum sintoma, de modo que o indivíduo só se sinta um pouco cansado e isso não chame sua atenção. Conforme o tempo passa, as lesões e sobrecargas ficam mais evidentes e não há tempo de recuperação dos tecidos, pois ele precisa trabalhar no outro dia. Assim, essas patologias vão se estabelecendo, e podem até se tornar crônicas em alguns casos”, alerta.

A reversão desse quadro é bastante complicada.” A evolução das LER/DORT em pacientes com quadros crônicos muitas vezes leva à incapacidade até no dia a dia, na vida em casa, no relacionamento familiar. As dores são tão intensas, que ele não consegue fazer uma atividade de lazer, por exemplo. Quando essas condições começam a se cronificar dessa forma, pode haver o comprometimento psicológico. O trabalhador começa a se isolar por não conseguir participar de algumas atividades e os quadros de depressão podem aparecer. E isso não é muito infrequente”, destaca a professora.

Andréa menciona que não existe uma “solução milagrosa” para eliminar todos os tipos de LER/DORT, mas a minimização é a identificação precoce dos fatores de risco. “Chamamos de análise ergonômica do trabalho. Fazer uma análise da atividade realizada e do ambiente implica na minimização desses fatores, de forma que o trabalhador esteja menos exposto a tudo isso. A chance de ele desenvolver uma lesão por esforço repetitivo é muito menor. Além disso, são necessárias orientações sobre como realizar determinada atividade, como usar a força, e a instituição de intervalos em funções que exigem certa repetição, já que há um tempo para as estruturas se recuperarem”, diz.

Em outras palavras, quando se fala em LER/DORT, a prevenção é o mais importante. “Se deixamos a sobrecarga acontecer, será preciso lidar com o tratamento. Em um começo de quadro, como um distúrbio mais agudo, que não tenha um tempo longo de evolução, ele muitas vezes é efetivo, mas, juntamente com tratamentos fisioterapêuticos e técnicas de reabilitação, é preciso um distanciamento dos fatores de risco, o que em diversas ocasiões não acontece. O trabalhador é encaminhado para a fisioterapia, mas já retorna ao mesmo posto, sob as mesmas condições. Isso, portanto, não vai ter resultados importantes”, avalia.

Por outro lado, Andréa comenta que uma empresa cujo o empregado sofreu com o problema, se reabilitou e vai retornar, acaba optando por um desvio de função que não tenha os mesmos fatores de risco. “É importante que isso seja feito”, destaca a docente, que lembra que no Ministério do Trabalho há algumas normas e regulamentações que protegem o trabalhador.

“As empresas não podem criar postos e atividades de forma aleatória, sem esses cuidados e regras estabelecidos. Assim, para trabalhos que envolvem, por exemplo, o manuseio de grandes cargas, existe uma determinação do máximo que pode ser carregado e o número de vezes. São recomendações que buscam prevenir esses problemas, embora muitas empresas não sigam o que é estabelecido. Assim, os empregados ficam mais expostos. Mas existem vistorias que o Ministério do Trabalho faz e, quando identificadas essas irregularidades, há multas e outras sanções sobre a empresa”, finaliza.

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